Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto da Casa Gate é uma reinterpretação de uma casa típica do século XIX do Porto, reconstruindo uma ruína, mas apoiando-se nas suas premissas formais e conceituais.
A grande flexibilidade e resiliência deste modelo foi aqui testada, com transformações, adições e melhorias que tentam estabelecer um compromisso entre o antigo e o novo. Esta reinterpretação procura manter os princípios fundadores da casa e evitar, assim, a destruição do seu ADN (DNA).
Das características da pré-existência diagnosticaram-se dois grandes problemas:
- Segregação dos espaços interiores: demasiadas divisões, originando espaços exíguos, circulações complicadas e fraca incidência de luz natural;
- Consistência construtiva: estruturas de Madeira bastante desgastadas por umidade e fungos; intervenções bastante invasivas na fachada de tardoz, que originaram patologias estruturais.
As ideias condutoras do projeto emergiram deste mesmo diagnostica, em conjunto com os desejos do cliente:
- Elementos estruturantes definidores deveriam ser mantidos;
- Adição de um piso;
- Alteração da fachada principal para inserção de porta de garagem;
- Simplificação dos espaços interiores, para permitir a luz e circulação de ar renovado;
- Utilização de materiais contemporâneos mas mantendo a mesma filosofia: simplicidade e resiliência ao nível térreo, tornando-se mais delicado à medida que se sobe para os pisos superiores.
Após reconhecer e estabelecer estas premissas, o projeto definiu-se de forma quase automática. No rés-do-chão situam-se a garagem, áreas técnicas e a cozinha – aberta para o pátio. A proporção e dimensão semelhantes entre cozinha e pátio estabelecem uma relação íntima e rica entre os dois espaços.
A partir deste nível, a casa articula-se sempre em torno da escada. À medida que se avança para os pisos superiores, vão-se experimentando diferentes relações espaciais e visuais. Espaços abertos, semiabertos, fechados e plataformas.
Estas ideias foram materializadas com uma grande preocupação com a escala. A premissa de manter os pés-direitos altos assim o exigia. Os saltos entre uma escala dos espaços comos, pés-direitos altos, rodapés expressivos e a escala íntima dos quartos foram geridas com cuidado e dedicação, para permitir integração.
A nova estrutura segue e respeita a lógica da pré-existente: suporta-se nas paredes de meação, libertando os diferentes pisos de elementos estruturais adicionais. Os materiais utilizados visam uma depuração formal, baixa manutenção, elevada durabilidade e, simultaneamente, baixo custo.